Presenciamos, nas praças ou avenidas das cidades, pessoas de todas as idades fazendo caminhada, alongando, correndo ou pedalando. Apesar de ser uma iniciativa saudável, falta a muitas delas informações e conhecimentos básicos sobre como realizar essas atividades. Correm descalças no cimento, em ruas poluídas, em horários inapropriados, com excesso de agasalhos ou até mesmo em jejum.
Aquilo que era para fazer bem acaba causando lesões, distensões, traumas nos pés e nas pernas ou a desidratação. Compreendemos que a escola e, de uma forma mais específica, a educação física têm uma grande responsabilidade de tratar desses assuntos e de ampliar o conhecimento das pessoas sobre eles. Reparamos, no dia a dia, que o aluno do ensino fundamental, muitas vezes, ainda não se interessa por atividades físicas sistematizadas, visando à obtenção da saúde, ao condicionamento físico ou ao emagrecimento.
Eles correm, pedalam, ensaiam alguns lances de capoeira ou nadam pelo simples prazer de fazê-lo ou porque precisam ir e vir para a escola ou para a casa de um amigo. Essas são situações que fazem parte da rotina dos alunos e se constituem numa boa oportunidade de chamarmos a atenção deles para alguns cuidados. Portanto, sugerimos que o tópico seja abordado, de preferência, tendo as atividades físicas dos adolescentes como ponto de partida.
É importante identificar qual atividade física eles costumam praticar dentro e fora da escola, com qual freqüência, em que local e hora do dia, com que tipo de roupa o fazem e se costumam parar para beber água durante a atividade. Uma outra maneira de abordar o tópico é utilizar as próprias atividades realizadas nas aulas de educação física. Pequenos textos, recortes de jornal, revistas e livros são materiais didáticos que podem auxiliar no estudo desse assunto. Sobre a hidratação, por exemplo, o livro “O segredo do Águas Virtuosas Futebol Clube”, uma obra literária indicada para o público infanto-juvenil, retrata, de forma muito clara, os efeitos do calor e a necessidade da hidratação durante a realização da atividade física.
Os personagens são alguns garotos que estão participando de um campeonato infantil da cidade. No desenrolar do campeonato, como um time começa a se destacar, alguns garotos tentam descobrir os “truques” que a Maria Helena, professora de educação física, andava utilizando para levar seu time à vitória. Os garotos observaram que Maria Helena: orientava o seu time, nos dias muito quentes, a não fazerem aquecimento antes da partida. Ao contrário, eles faziam menos de dez minutos de exercícios leves; pedia aos garotos que bebessem água e oferecia garrafinhas a todos; fazia rodízio entre os jogadores, substituindo um por um, de tal forma que cada um deles jogasse uns vinte minutos e descansasse outros vinte, na sombra.
A professora justifica cada uma dessas ações. Primeiro explica que, quando se faz exercício e se perde muito suor num dia quente, todo mundo deveria beber água para compensar a desidratação. A água pode ser fria ou quase gelada. Ela recomenda ao seu time que, duas horas antes do jogo ou do treino, beba de 8 a 16 goles de água e que, durante o jogo, beba pelo menos 8 goles de água a cada 20 minutos, podendo ser mais, de acordo com a intensidade da sede.
Depois do jogo ou do treino, eles ainda devem beber de 30 a 40 goles, “até fazer um xixi bem clarinho”. Quando o treino demorava mais de uma hora ou começava muito tempo depois da última refeição, ela colocava um pouco de açúcar na água. Desaconselha o uso de bebidas com muito açúcar, pois demoram mais a passar do estômago para o sangue. Além disso, o guaraná e outros refrigerantes, por terem cafeína, fazem o corpo perder água na urina e atrapalha a hidratação.
Alunos perguntam sobre as bebidas esportivas, ou “coloridas”, que parecem ser salgadas. Maria Helena adverte que elas podem ser interessantes quando as pessoas suam muito durante várias horas, mas ainda não está provado que sejam necessárias numa partida ou num treino de futebol entre crianças. Exercitar-se em dia quente e muito úmido pede treino leve, pois nesses dias é mais difícil para o nosso corpo manter a temperatura certa para o seu bom funcionamento. Além disso, as crianças sofrem mais que os adultos, já que suam menos do que precisam para esfriar o corpo. Elas também recebem mais calor do meio ambiente e demoram mais tempo para se acostumar aos dias quentes! A professora explica aos garotos a diferença entre febre e intermação.
Na febre , é o próprio corpo que aumenta sua temperatura e, para abaixá-la, é preciso tomar remédio. Na intermação, o corpo tenta se esfriar, mas não consegue, o que provoca um cansaço muito grande, muitas cãimbras e confusão mental. Nesse caso, aconselha-se esfriar o corpo depressa, não tomando remédio, mas uma ducha fria. Em relação ao tipo de uniforme utilizado pelo time, a professora aconselha a utilização de tecido de algodão, para facilitar a passagem do suor. Ao terminar de ler a história, professores e alunos irão perceber o quão importantes são os conhecimentos desse tópico para a vida de todas as pessoas; também perceberão que eles são fundamentais para a prática pedagógica de qualquer professor de educação física, principalmente daqueles que dão aulas expostos ao sol.
Caso não tenha acesso a esse livro, o professor encontrará essas informações em livros de fisiologia, artigos de revistas e sites da internet. Outras informações poderão ser abordadas, como a forma de monitorar o estado da hidratação. Sabemos que a melhor forma é pesando o aluno com um mínimo de roupa antes e depois do exercício. Como nem sempre isso é possível, pode-se ensinar aos alunos a observar o volume e a cor da urina. O volume urinário do adulto é de aproximadamente de 1,5 litros em 24 horas. Se o volume urinário for inferior a 1,2 litros por dia, o indivíduo deve ingerir mais líquidos. A urina mais escura ou de odor forte também indica a necessidade de mais fluidos. O estado de hidratação também pode ser monitorado pelo peso corporal.
Uma perda de 470 gramas de peso corresponde a 470 ml de água. A sede não é um bom indicador do estado de hidratação. Quando a temperatura corporal sobe demais, os sinais de alerta são vertigens, náuseas, confusão, cefaléia, rubor, pulso rápido e desmaios. Além da hidratação, a escolha do vestuário para a prática de atividades físicas requer alguns cuidados básicos. O calçado deve ser leve, confortável e um pouco folgado, para não causar dores nem apertos. O uso de meias ajuda na absorção do suor. A roupa deve ser leve, arejada e bem folgada, permitindo boa circulação do ar sobre o corpo e favorecendo, dessa forma, a perda de calor por evaporação.
As cores escuras absorvem o calor e as claras o refletem; portanto, para a prática de exercícios físicos, devem-se vestir roupas de cores claras, para reduzir a quantidade de energia de radiação absorvida pelo corpo. A perda de calor por evaporação é mais eficaz quando as roupas estão úmidas; portanto, quando as roupas ficam úmidas, não devem ser trocadas por secas. As roupas secas retardam a perda de calor por evaporação. As roupas devem ser lavadas regularmente, depois do exercício, porque a sujeira, o óleo e o sal podem fechar os furos dos tecidos, reduzindo a circulação do ar e “retendo” o suor. As roupas pesadas ou as confeccionadas em poliéster ou borracha retardam a evaporação, reduzindo, assim, a perda de calor. Baseado naquilo que os alunos irão aprender ou aprofundar sobre o assunto, os professores de educação física juntamente com todos os outros da escola podem mostrar à direção a necessidade da instalação de bebedouros próximo às quadras e aos pátios.
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